"Sou fera, sou bicho, sou anjo e sou mulher
Sou minha mãe e minha filha,
Minha irmã, minha menina
Mas sou minha, só minha e não de quem quiser
Sou Deus, tua deusa, meu amor"
(1º de julho - Legião Urbana)
E mais uma vez venho aqui para falar desse assunto que dá pano pra manga: promiscuidade. Na verdade, estou usando essa palavra pois não consigo pensar em uma melhor, mas não sei se é exatamente disso que eu vou falar aqui...
Pois bem, há cerca de 2 anos eu fiz uma postagem sobre doação de sangue, e de como fui discriminado por ser homossexual. Naquele dia eu senti na pele como nós, gays, sofremos ao sermos constantemente associados a essa questão. Puro preconceito, e pior, mente fechada dessas pessoas.
Claro, se uma pessoa tem um número relativamente grande de perceiros sexuais ao longo de um ano, o risco de ela adiquirir uma DST é também maior, isso é matemática. Mas essa é uma maneira rasa de tratar o problema. Por exemplo, como eu já argumentei anteriormente, uma pessoa pode sim ter quantos parceiros ela quiser com uma boa segurança de que não vai adquirir uma DST, é só ela tomar as devidas precauções, como por exemplo, além do óbvio (camisinha e cia), ter o mínimo de critério na hora se escolher a "presa"... rsrsrs
Mas enfim, o fato de eu ter tido 5 parceiros sexuais ao longo de um mês não me torna uma "puta", "vagabunda", ou mesmo me desvaloriza. O corpo é meu, eu uso da mneira que me convém... Século XXI, gente, acorda... Se pensarmos por esse lado, podemos até ver um lado positivo em sermos constantemente associados à promiscuidade em relação ao heterossexuais: temos a mente mais aberto (isso não é uma regra, nem nos isenta de nada...)
Pois bem, desde de que vim para o Canadá, percebo que essa questão da liberdade sexual varia muito de cultura para cultura. Antes de começar a falar do assunto, eu não estou querendo dizer que os heterossexuais brasileiros são mais comportados sexualmente, ou que não existe heterossexual brasileiro que seja promíscuo. Muito pelo contrário. Só quero salientar o quanto a NOSSA sociedade é hipócrita quando o assunto é sexo e liberdade sexual.
Só mais uns fatos antes do início... Vamos partir do princípio de que toda mulher que dá para um homem na primeira noite é considerada Puta. Sim, muita gente pensa assim aqui no Brasil, puro machismo. Claro que cada mulher tem o direito de fazer o que quiser, inclusive de não dar. Mas taxar a outra mulher que deu como piraranha, vagabunda, ou outro termo pejorativo é meio ridículo, né?
Ontem eu estava conversando com a minha colega de intercambio sobre uma outra colega que não é brasileira, foi criada na França (não vou colocar os nomes aqui pra não dar problema... rs). Alguém comentou que essa nossa amiga estrangeira teve relações sexuais com um amigo nosso na primeira noite em que eles ficaram. Minha amiga brasileira ficou surpresa, ela no seu lugar jamais faria isso, pois no Brasil, isso é coisa de puta.
Mas não pense que eu ou mesmo a minha amiga brasileira pensamos que a nossa amiga francesa é uma puta por causa disso. Nós já tínhamos um conceito sobre ela, e definitivamente ela está muito longe de qualquer esteriótipo de puta. Ela simplesmente exerce a liberdade de usar o seu corpo da maneira que bem entende, e isso não faz dela uma puta. Ela teve vontade, ela fez, e pronto, problema é dela... E digo, ela não é a única que faz isso por aquí... As canadenses, as outras francesas, e muitas meninas de diversas nacionalidades fazem isso, e não são putas.
Se essas meninas vivessem no Brasil, com certeza já estariam com fama de Puta, mesmo sem ser de fato. Aliás, acho que o termo Puta, como estou usando aqui, nem cabe muito bem nessa situação. Perde o sentido.
Mas o que essa discução toda tem a ver com a discução do início sobre preconceito? Pensem comigo. Os gays sempre exerceram a questão da liberdade de usar o corpo, muito mais do que os hetero. Será que o fato de sermos constantemente associados a promiscuidade é simplesmente uma questão da nossa própria cultura? Será que nos outros países do mundo a base do preconceito (se é que ele existe em alguns países) ainda é essa associação entre homossexualidade e promiscuidade? Será que a inserção dos homossexuais em outras culturas é mais fácil? Ou será que em outros países eles são ainda mais hipócritas do que a gente, de modo que apenas os heteros tenham o direito de exercer a liberdade sobre o próprio corpo sem estarem associados â questão da promiscuidade? Essas são questões que eu pretendo responder daquí pra frente! :D
Um abraço a todos! Até o próximo...