"Não estou mais pronto para lágrimas
Podemos ficar juntos e vivermos o futuro, não o passado
Veja o nosso mundo
Eu também sei que dizem
Que não existe amor errado
Mas entenda, não quero estar apaixonado"
(Longe do Meu Lado - Legião Urbana)
Piscianos... Não entendo muito bem como, mas eles sempre acabam entrando na minha vida de alguma forma. Talvez existam explicações astrológicas para isso. Mas elas não importam muito. O que importa é que eles entram na minha cabeça e no meu coração como quem estivesse entrando em sua própria casa... bagunçam, tiram as coisas do lugar... E eu? Me sinto perdido, não sei como agir... De forma que tenho preferido não fazer nada!
Eis que há cerca que um ano eu conheci um Jeune Homme (JH)... Sim, trop jeune por sinal. E por mais insana que seja a situação, ele me encantou. Tal qual uma sereia encanta seus pescadores. Talvez fosse sua beleza única, perfeita... Talvez a sua ingenuidade tão pura. Mas de uma coisa eu tenho certeza, ele me colocou numa posição em que eu jamais estive antes: a de príncipe. Príncipe? Como assim? Pois é, o príncipe clássico dos contos de fada, montado num cavalo branco pronto para resolver todos os problemas e salvar seu jovem (seu jovem?) daquele mundo de aparências e de fracasso... E eu gostei de ser um príncipe, confesso que gostei...
O fato é que essa coisa meio platônica (sim, platônica) hora ou outra cai por terra. Não que JH tenha se tornado menos especial para mim, mas eu decidi voltar pro mundo em que os príncipes só existem na Europa, e nem são daquele jeito que a gente imagina. JH é jovem demais, mora longe demais, é sonhador demais, é fofo demais e lindo demais e gostoso demais e... Cruzes, como não ficar confuso diante de um pisciano tão envolvente? Mas não, é insano demais pensar em uma história real com alguém que eu encontrei no mundo das idéias...
E nesse meio tempo... Quado eu já estava conformado... Quando eu já tinha me programado para pensar "Não se apegue, Júlio... Você vai ficar um ano no Canadá"... Eis que eu conheço um Chasseur (C). Confesso que não levei C muito a sério no início, um amigo tinha me falado dele, íamos juntos para uma festa e eu disse "Legal...". Trocamos duas palavras, nos perdemos na pista e depois de 5 beijos eu encontrei os lábios dele. Me apaixonei? Não... Mas confesso que foi o melhor beijo da noite...
Até aí tudo bem, foi só mais um cara que eu beijei numa festa e que provavelmente será um bom amigo depois. Até que eu o beijei de novo... E de novo... E de novo... E... Pois é, C já não era mais um amigo apenas. E era o que? Sinceramente não sei... A esse ponto eu estava mais perdido ainda... Me sentia como se dois peixes estivessem na minha circulação sanguínea, um entrando pelo átrio esquerdo e outro saindo pelo ventículo direito. Parecia bom do jeito que tava, mas ainda assim era perturbador...
A questão central é que eu conheci o C na pior hora. Ele é tão real pra mim, ele tão... literalmente palpável. Mas escapou das minhas mãos, e por escolha minha. Eu estava prestes a realizar um sonho, e estou realizando. Não é sensato tirar um peixe do rio e esperar que um ano depois eu volte e ele continue lá, do jeito que eu deixei. O certo é devolvê-lo ao rio, mesmo que ele mesmo não queira voltar. E se o acaso, o destino, a sorte, ou qualquer outra força sobrenatural permitir, em um ano eu volto a pescá-lo.
Mas eis as questões... E se eu não quiser pescá-lo? E se ele não se permitir ser pescado? E quanto ao JH? E quanto a mim? Céus, como estou confuso... E estando confuso, prefiro não fazer nada, pelo menos não agora.
Ontem eu estava falando com o C, tentando explicar a situação pra ele... Je n'ai pas réussi. Como explicar o que não tem explicação? Ele me disse que me ama, e que isso não dependia de mim. Je ne lui ai pas répondu... O que dizer? "Je t'aime, par contre... Je ne peut pas t'aimer"? "Je t'aime, par contre... Je ne veux rien faire"? "Je t'aim... Non, moi non plus"? En fait... Je ne sais pas!
Au Révoir, mes chéri(es)... À Bientôt!