"Aquele gosto amargo do teu corpo
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco."
Ficou na minha boca por mais tempo.
De amargo, então salgado ficou doce,
Assim que o teu cheiro forte e lento
Fez casa nos meus braços e ainda leve,
Forte, cego e tenso, fez saber
Que ainda era muito e muito pouco."
(Daniel na Cova dos Leões - Legião Urbana)
Fatídico Sábado, 21 de maio de 2011. Um dia para se lembrar e para se esquecer. Se lembrar pelas coisas boas, ótimas, que aconteceram: reencontros, bons papos, novas amizades. Se lembrar pelas coisas terríveis, para que não se repitam novamente. Se esquecer pela vergonha, pelas horas de angústia, pela quase... Esse quase é um limiar tão perigoso. Não se brinca com um quase assim, sem motivos... A menos que você tenha 20 anos...
Fato, quando a gente bebe, achando que sabe beber, sempre existe o risco de passar da conta. E quando ficar bêbado tem objetivos além de desinibir, "animar", o risco aumenta, e muito. Eis que me surge uma garrafa de vodka, outra de coca-cola, um copo. Que bom que tinha vodka... A mistura descia pela minha garganta com mais facilidade a cada gole: quente, amarga, tóxica... O papo ajudava, as pessoas me distraíam.
1 copo, 2 copos... Daí eu já estava tão despreocupado que até reparava na arquiteura maravilhosa do Vivo Rio. Queria estar sóbrio. Agora já é tarde, né? Mais um gole e começamos a pensar naquilo que não devemos. Evito uma lágrima com mais um gole, e depois mais um copo... E por aí foi... Quando dei por mim já tinha errado a letra de uma música do Djavan que eu sabia de cor desde de criança. Até aí tudo bem, até eu perceber que não me dava conta de mais nada...
Eu não sei como, mas as coisas sumiram da minha memória de uma maneira tão estranha pra mim... Naquele momento eu era só mais um bêbado desnorteado, longe de casa, sem noção de tempo e espaço, sem noção... Minha sorte é que eu tinha um anjo do meu lado, um amigo, que já tá sendo promovido a irmão a essa altura, que me tirou daquela esrascada sem tamanho em que eu tinha me metido.
"Depois de beber mais de meia garrafa de vodka com refrigerante na entrada do Vivo Rio, eu caí no chão, e não lembro mais de nada daí pra frente. O Gui me disse que eu consegui me levantar, tratei ele com uma agressividade desmerecida até perder a consciencia de vez. Com a ajuda de um brigadista ele me levou até a enfermaria do local, onde, após tomar 3 bolsas de soro glicosado, eu permaneci desacordado, sem condições sequer de permanecer sentado.
Até o final da noite eu recobrei parte da consciência, o que me permitiu levantar e ir embora, com a ajuda do Gui. As únicas coisas que eu me lembro após cair na entrada do Vivo Rio são alguns flashs: um homem de jaleco branco na minha frente, eu descendo rápido uma passarela no centro do Rio, saída das barcas de Niteroi, ponto final do ônibus perto de casa. Nunca tinha passado por isso antes, já passei mal antes sim, mas nunca a ponto de quase ter um coma alcoólico. Se não fosse o Gui, eu não sei o que poderia ter acontecido."
Tenho tanta vergonha disso tudo. Não costumo agir de maneira tão irresponsável. Fui inconsequente, não pensei nos outros, muito menos em mim mesmo. Dizem que isso pode acontecer com qualquer um, mas eu sinto que poderia ter evitado. Enfim, agora que já passou, não adianta mais se lamentar. O que adianta é não repetir o erro, pois eu posso não ter a mesma sorte da segunda vez.
"Mas, tão certo quanto o erro de ser barco
A motor e insistir em usar os remos,
É o mal que a água faz quando se afoga
E o salva-vidas não está lá porque não vemos."
(Daniel na Cova dos Leões - Legião Urbana)
Bem, Galera... Só queria dizer que a parte boa da noite foi o MEDDIETOPEBCS. Adorei conhecer todos os que estiveram lá! Temos que fazer isso mais vezes! xD.
Vou tentar tomar mais cuidado da próxima vez!
Um beijo a todos... Até o próximo!