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segunda-feira, 23 de abril de 2012

Não seja promíscuo, Gay...

"Tonight I'm gonna have myself a real good time
I feel alive and the world is turning inside out Yeah!
I'm floating around in ecstasy
So don't stop me now don't stop me
'Cause I'm having a good time having a good time"

(Don't Stop me Now - Queen)

Vamos dar uma pausa nos posts subjetivos e dar lugar a uma coisa mais direta: a argumentação. Pois então, o que motiva esse meu desejo de argumentar foi apenas um comentário, que para a maioria das pessoas pode ter passado desapercebido, mas me chamou muita atenção. Meu amigo Raphael Martins (vulgo Enrustido) foi entrevistado em um blog super legal de conteúdo adulto, e me passou a entrevista para eu ler. O texto dizia muito da personalidade do Raphinha, que ele é um cara muito legal, antenado, careta (haha), e que é apaixonado pelo Juan. O que me incomodou mesmo foi um comentário que ele fez no final da postagem, falando para nos valorizarmos enquanto gays e evitarmos a "promiscuidade". Eis aqui o comentário transcrito:

"Se valorizem. Evitem a promiscuidade. Quem sabe daqui a algum tempo podemos mudar a imagem ruim que a sociedade tem em relação aos gays."

De cara, eu li esse comentário e já ia passar desapercebido por mim também. Mas daí eu voltei, pensei... Tem algo que me incomoda nesse comentário aí...

Não sei, me passou a impressão de que todo gay é promíscuo. Tá, não sejamos hipócritas. Existe sim muita promiscuidade entre os homossexuais. Talvez até possamos associar essa característica aos homossexuais. Mas, não sei... Passou também a impressão de que isso é uma característica exclusiva dos homossexuais, e que esta característica exclusiva era a origem de todos os males que sofremos, ou no mínimo de uma imagem feia que criaram da gente

Pra começar, promiscuidade não é uma característica restrita aos homossexuais. Tanto que existe antes mesmo de a ideia de homossexual existir. Ah, vamos, promiscuidade por promiscuidade, existem muitos outros grupos que estão muito mais associados ao termo do que nós, gays. Um exemplo disso são os padres pedófilos, maridos e esposas adúlteros, prostitutas e profissionais do sexo, enfim. Não sei exatamente quando nem como a promiscuidade foi associada aos homossexuais. Talvez o que nos diferencia em relação a outros grupos é o fato de alguns de nós assumirmos a promiscuidade como algo normal, ou cotidiano.

E de fato, o que tem de errado nisso? Devemos mesmo nos preocupar tantos com estes princípios morais? Se encanássemos com princípios morais, entraríamos num caminho sem volta em direção a negação do nosso próprio desejo. Que desejo? O mais óbvio, sentir atração por pessoas do mesmo sexo. Afinal de contas, isso também não é assim tão bem visto pela sociedade de maneira geral, não é? Isso faz com que, por menos promíscua que a pessoa (gay) seja, de uma forma ou de outra, ela acaba quebrando esse paradigma social que vivemos devido aos tais "princípios morais" simplesmente por ser gay. Claro que não estou falando que, se você é gay, necessariamente tem que ser promíscuo. Mas daí a condenar a promiscuidade (e simplesmente ela) como a causa dessa imagem tosca que temos perante a sociedade cristã ocidental já é demais, né? Por que não ser indiferente, não é verdade? E depois, tanto eu quanto vocês sabemos que o buraco é muito mais embaixo...




Como eu já questionei, será mesmo que somos tão oprimidos assim simplesmente por sermos seres promíscuos e assumirmos isso? Ou será que o simples fato de nossa própria origem ferir os princípios ideais da sociedade já basta? Basta, claro que basta. É só pensar em quantos homossexuais nunca tiveram a chance de terem contato sexual com nenhum ser humano e mesmo assim são mal vistos pela sociedade... O simples fato de você gostar de homens já é motivo para ser alguém à margem. E não, a promiscuidade não interfere nisso. Mas essa situação nos permite algo extraordinário: abrir a mente. Nos dá a chance de pensar que, conhecer outras pessoas, pessoas diferentes, ao mesmo tempo e em tempos diferentes, pode deixar de ser um ato condenável para se tornar um ganho de experiência. Ser promíscuo não é condenável, é apenas um desejo, que diz respeito única e exclusivamente a cada um de nós, de conhecermos outras pessoas e compartilharmos uma coisa maravilhosa com elas: o prazer

Mas isso seria banalizar o sexo, não é verdade? Sim, seria. E o que há de errado em banalizar o sexo? O sexo pode sim ser uma situação de comunhão entre duas pessoas que se amam, mas também pode ser simplesmente uma forma de relaxar e ter prazer. Quem decide isso é a pessoa que faz, e ninguém tem direito de julga-la por causa disso. Há quem diga que é um problema de saúde pública, que existe hepatite B, hepatite C, HIV, HPV, HTLV (melhor eu parar, se não o post vai ficar grande demais), e é fato que camisinha não protege contra todos eles. E daí? Você pode pegar essas doenças com qualquer pessoa, seja ela promíscua ou não, basta ela ter a doença. E depois, ser promíscuo não é ser burro, dá sim para ter o mínimo de critério na hora de escolher um parceiro sexual, seja para uma transa ou para o resto da vida. Uma coisa é você fazer sexo com pessoas que você nem mesmo conhece pessoalmente, outra é fazer isso com pessoas com quem você já tem algum nível de intimidade (amigos e colegas, por exemplo). No final das contas, com um pouco de cautela e tomadas as medidas de segurança necessárias, dá para aproveitar a vida numa boa, sem ficar grilado.

No final das contas, só o quero dizer é o seguinte. As pessoas usam a promiscuidade para justificar preconceitos, homofobia. É só você perguntar a alguém, "Por que não gosta de Gays?" ou "Porque você é contra os Gays?" pra pessoa responder: "Porque são um povinho muito promíscuo". Mentira, hipocrisia. Promiscuidade não define o caráter de ninguém, e a origem do preconceito é muito mais complexa do que simplesmente a promiscuidade. Deixar de ser promíscuo não vai fazer diferença nenhuma na imagem que a sociedade tem da gente, mas vai sim ajudar a reprimir cada vez mais o que sentimos e o que queremos. Não tem nada de errado em querer ter relações sexuais com mais de um parceiro por um curto período de tempo, ou mesmo com mais de uma pessoa ao mesmo tempo, seja(m) ela(s) do mesmo sexo ou não, basta que você tenha o mínimo de critério e tome as devidas precauções.

"I'm burning through the sky Yeah!
Two hundred degrees
That's why they call me Mister Fahrenheit
I'm traveling at the speed of light
I wanna make a supersonic man out of you

Don't stop me now I'm having such a good time
I'm having a ball don't stop me now
If you wanna have a good time just give me a call
Don't stop me now ('cause I'm havin' a good time)
Don't stop me now (yes I'm havin' a good time)
I don't want to stop at all"


 (Don't Stop me Now - Queen)



Ai ai ai... Polêmica, como eu adoro polêmica. Antes que eu me esqueça, quero agradecer ao Raphinha pela inspiração. Espero vocês não pensem que eu sou uma frick bich, como diria a Gaga. Pelo contrário, sou um rapaz certinho, tímido, ingênuo... Mas, entre 4... deixa pra lá. 

Um abraço, biches... Até o próximo!


domingo, 15 de abril de 2012

O Anjo


"- Adieu, dit le renard. Voici mon secret. Il est très simple: on ne voit bien qu'avec le cœur. L'essentiel est invisible pour les yeux.
- L'essentiel est invisible pour les yeux, répéta le petit prince, afin de se souvenir.
- C'est le temps que tu as perdu pour ta rose qui fait ta rose si importante.
- C'est le temps que j'ai perdu pour ma rose... fit le petit prince, afin de se souvenir.
- Les hommes ont oublié cette vérité, dit le renard. Mais tu ne dois pas l'oublier. Tu deviens responsable pour toujours de ce que tu as apprivoisé. Tu es responsable de ta rose..."

(Le Petit Prince - Antoine de Saint-Exupéry)


Esses dias, eu encontrei um anjo... Logo eu, que nunca acreditei em anjo... Mas esse era diferente. Por fora, era o esteriótipo de anjo: loiro, olhos verdes, encantador. Por dentro, conseguia ser mais doce do que qualquer anjo de que se tenha notícia, mas ainda assim tinha algo de apimentado que nenhum anjo conseguiria ter.

Poderia-se dizer que não se tratava de um anjo. Anjos não têm sexo. Este tem... Mesmo assim, era de uma pureza tão admirável, que me saltava aos olhos. Mas foi no momento em que o toquei que tive a certeza. Poucos nesse mundo tiveram este privilégio: o de tocar um anjo. Só os anjos são capazes de te levar ao céu apenas com um beijo... Naquele eu dia eu fui ao céu, e fiquei lá por uma hora e quarenta minutos.

Uma hora e quarenta minutos longe deste mundo, que naquele momento não estava sendo um lugar muito amigável para mim. Por mais que a pista de dança estivesse cheia, só estávamos nós: eu e o meu anjo. E foi tão bom descobrir o mel que existe em sua boca, desbravar o verde dos seus olhos, sentir o seu cheiro, o calor da sua pele... Sim, os anjos têm pele, e ela queima como a nossa. Os anjos têm sangue, e ele ferve como o nosso. Os anjos têm coração, e ele pulsa como o nosso.

O único problema é que os anjos têm asas, e eles voam... nos escapam. Tentei mantê-lo do meu lado, mas desisti (Desisti?). Não posso cortar as asas de um anjo. Quem me dera tê-lo aqui comigo agora. Tão puro e tão encantador. Quem sabe um dia poderei tê-lo sem ter que cortar suas asas. Hei de tê-lo um dia, de novo, por muito mais que quase duas horas. Mas isso ainda são incertezas. De certeza concreta, o que ficou foi aquele beijo, e todos os outros que seguiram. Isso já foi mais do que suficiente para tornar este anjo inesquecível, para torná-lo o meu anjo.

Não sei se meu anjo sabe, mas existe uma verdade que os homens esqueceram. Como diria Saint-Exupery, "Torna-te eternamente responsável por aquele que cativaste". Meu anjo me cativou, agora ele é responsável por mim, para sempre. Seja no amor, ou na amizade... Só quero ter certeza de que poderei desbravar o verde de seus olhos mais uma vez, ou relembrar o mel que existe em sua boca, mesmo que seja por menos vezes do que eu realmente gostaria...


"Angel, angel or so
Wherever you may go
Hmmm, yeah…
I'll follow
Wherever you may go

And always will I be there
Shake worries from your hair
Hmmm, yeah…
I'll be there
Always"

(Angel in the Snow - A-Ha)





Estão vendo? Estou voltando, aos poucos... Pelo menos nos finais de semana... rsrsrs

Um Grande abraço em vocês, meus lindos...

Até o próximo... ;D

domingo, 8 de abril de 2012

Quando as Mudanças se Fazem mais Difíceis do que Realmente são

I never needed you to be strong
I never needed you for pointing out my wrongs
I never needed pain
I never needed strain
My love for you was strong enough, you should have known


I never needed you for judgements
I never needed you to question what I spent
I never asked for help
I take care of myself
I don't know why you think you got a hold on me
(Hush HushThe Pussycat Dolls)



São 15 para as três (da manhã) do dia 18 de março de 2012, um domingo. Como eu odeio domingos. Meu sábado não existiu. Passei o dia na cama, me recuperando da ressaca de sexta. E que ressaca, tanto física quanto moral. Mais moral, na verdade, porque aquela cerveja verde estava tão boa que não poderia me dar uma ressaca tão ruim.
Não tem sido fácil para mim, não mesmo, desde a primeira sexta-feira após o carnaval. Estou variando entre o depressivo e o impulsivo, duas personalidades que de forma alguma caracterizam o verdadeiro Júlio. Não sabia direito o que pensar, o que julgar, se é que eu deveria mesmo julgar. Nem mesmo sabia o que fazer. A única certeza nessas ultimas duas semanas (um pouco mais que isso, na verdade) é que eu não queria que tivesse sido assim, pelo telefone.
Na verdade, eu não queria que tivesse sido assim desde o início. E, meu Deus, como isso me incomoda. Como isso tem me incomodado nas ultimas duas semanas. Como isso tem me incomodado nos últimos 9 meses. E foram os melhores e piores meses da minha vida. Meses em que eu estive perdido, em orbita... Mas ainda assim, pude provar um pouco das ilusões mais doces.
Eu fui capaz de fazer qualquer coisa para continuar com aquele sabor de menta na boca: intenso, frio, e... irresistivelmente doce. Não é assim tão fácil se acostumar com a ideia de que não poderei mais mergulhar nessas águas profundas, tão reconfortantes, tão sufocantes... Por mais sufocantes que fossem, era o que me levava pra frente... Pra frente? Nem disso mais eu tenho certeza. O fato é que era bom, tão bom. Mas há duas semanas o mar secou, suas águas eram tão voláteis que bastou uma mudança de atitude e uma ou duas palavras mal colocadas para elas secarem por completo. E eu, por mais que quisesse, não poderia fazer nada.
Até poderia, mas aí já seria como entregar minha cabeça, ou cada gota de sangue do meu corpo. Não, eu não tenho sangue de barata. “I just can’t live a lie anymore”. Não, não valia mais a pena. Mas o show tem que continuar, e eu continuei a MINHA vida. Queria sim que tivesse sido diferente. Queria que não tivesse sido pelo telefone. Não gosto de assuntos inacabados, e eles sempre parecem inacabados pelo telefone. Mas não teve outro jeito, não posso e nem quero mais ficar em órbita, tentando resolver um assunto que não depende só de mim para se resolver.
É isso aí, não tem mais jeito, acabou... Boa sorte. Foda-se que foi pelo telefone.  Vou tomar as minhas cervejas verdes e vou me divertir. Foi isso que eu fiz naquela sexta-feira. Consciência limpa, desinfectada. Mas então porque será que eu estou me sentindo assim? Suas palavras não deveriam ter o efeito que tiveram. Mas também, depois de uma noite como a da ultima sexta, não há mais nada a ser feito, não é? Só restamos nós dois, um em cada lado, cada um com a sua consciência, com a sua ressaca moral. Vejamos então a ressaca como um efeito colateral de uma quimioterapia, afinal de contas agora eu já consigo conviver com a ideia de que nesse mar eu nunca mais mergulharei de novo. 


"And it's a little late for explanations
There isn't anything that you can do
And my eyes hurt, hands shiver
So you will listen when I say

Baby
I don't want to stay another minute
I don't want you to say a single word
Hush, hush
Hush, hush
There is no other way
I get the final say"
(Hush Hush - Pussucat Dolls)



Bem gente, como bem devem ter percebido esse post estava aqui na minha gaveta (deveria dizer no armário? hahaha) e resolvi utilizá-lo para dar mais um passo na minha volta a blogosfera. Em breve uma senhorita enrustida e passiva chamada Rafael Martins vai me entrevistar. Assim, aos poucos, eu vou voltando. Em breve eu estarei aqui sempre como antes!

Um abraço a todos

Até o Próximo post!