Non... je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié,
Je me fous du passé!"
(Non, Je Ne Regrette Rien - Édith Piaf)
Relutei muito até escrever de novo sobre esta pessoa. Aliás, de um ano pra cá, mais ou menos, confesso que tenho evitado pensar sobre os momentos bons e ruins que vivi com ele e por causa dele. Talvez fosse o arrependimento, talvez fosse a mágoa. No fim das contas, uma mistura das duas coisas, mas com certeza com muito mais arrependimento do que mágoa. Com o passar do tempo, tal qual uma mistura azeotrópica, mágoa e arrependimento se dispersaram na atmosfera, porém a mágoa, muito mais volátil, já quase não existe mais. No fundo do copo, resta o arrependimento, líquido viscoso, incômodo, malcheiroso... Custa a evaporar, e incomoda bastante.
Paramos de nos falar há quase 1 ano. Desde então, nem mais uma palavra, ao menos não pessoalmente. Há cerca de metade deste tempo eu tenho voltado a pensar nele, que foi companhia fiel durante a melhor e pior fase da minha vida. Esse feriado fumei um cigarro de cravo, fui ao terraço daquela boate onde sempre íamos e nos divertíamos tanto. Impressionante como tais fatos que me fizeram pensar ainda mais nele, e de como ele me faz tanta falta. Me dei ao luxo de pensar, ainda, se valera a pena levar a situação até ponto em que chegou. Hoje vejo que foi uma grande burrice.
Não, não gostei nem um pouco daquela situação no mínimo chata que passamos naquela casa noturna. Não aprovei suas atitudes, não achei certo. Mas daí a levar essa situação até o fim da nossa amizade, eis aí um dos pontos centrais do meu arrependimento. Falar no fim de uma amizade pode ser chocante para muita gente, pelo menos para os mais iludidos que acreditam fielmente no poder incorruptível da amizade. Pra mim, o que houve foi exatamente isso, visto que não consigo imaginar meios de as coisas voltarem a ser do jeito que eram há 1 ano e pouco atrás.
Me arrependo ainda de não ter tido pulso firme. Mesmo que a pessoa (a que 'intermediou' isso tudo) valesse tão a pena assim (de fato, não valia), era meu dever não ter sido complacente, ao menos em nome da nossa já extinta amizade. Eis aqui a nobreza do arrependimento, sentimento tão injustiçado, tão mal visto, negado e evitado, significa apenas a grandeza de admitirmos nossos próprios erros. Hei de me engrandecer às custas dos meus arrependimentos, já cresci inclusive. O preço é que não foi tão doce, e me faz falta hoje.
Já me torturei, já me lamentei, principalmente quando vi que lutei em vão e que sacrifiquei um bem precioso em nome de uma mentira. Mas o que me importa a essa altura, o que o importa também? Não dá para voltar a fita, e nada nesse momento pode regenerar o que foi perdido no passado, não nessa situação em especial. Só o que me resta agora é o arrependimento. Hei de conviver com este odor fétido, esperar que a fadiga olfativa o faça tão familiar a ponto de nem o perceber mais...
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux!"
(Non, Je Ne Regrette Rien - Édith Piaf)
Um grande abraço a todos... Boa Parada para os Paulistanos! Até o próximo...