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domingo, 10 de junho de 2012

Dos Arrependimentos

"Non... rien de rien...
Non... je ne regrette rien
C'est payé, balayé, oublié,
Je me fous du passé!"

(Non, Je Ne Regrette Rien - Édith Piaf)




Relutei muito até escrever de novo sobre esta pessoa. Aliás, de um ano pra cá, mais ou menos, confesso que tenho evitado pensar sobre os momentos bons e ruins que vivi com ele e por causa dele. Talvez fosse o arrependimento, talvez fosse a mágoa. No fim das contas, uma mistura das duas coisas, mas com certeza com muito mais arrependimento do que mágoa. Com o passar do tempo, tal qual uma mistura azeotrópica, mágoa e arrependimento se dispersaram na atmosfera, porém a mágoa, muito mais volátil, já quase não existe mais. No fundo do copo, resta o arrependimento, líquido viscoso, incômodo, malcheiroso... Custa a evaporar, e incomoda bastante.

Paramos de nos falar há quase 1 ano. Desde então, nem mais uma palavra, ao menos não pessoalmente. Há cerca de metade deste tempo eu tenho voltado a pensar nele, que foi companhia fiel durante a melhor e pior fase da minha vida. Esse feriado fumei um cigarro de cravo, fui ao terraço daquela boate onde sempre íamos e nos divertíamos tanto. Impressionante como tais fatos que me fizeram pensar ainda mais nele, e de como ele me faz tanta falta. Me dei ao luxo de pensar, ainda, se valera a pena levar a situação até ponto em que chegou. Hoje vejo que foi uma grande burrice.

Não, não gostei nem um pouco daquela situação no mínimo chata que passamos naquela casa noturna. Não aprovei suas atitudes, não achei certo. Mas daí a levar essa situação até o fim da nossa amizade, eis aí um dos pontos centrais do meu arrependimento. Falar no fim de uma amizade pode ser chocante para muita gente, pelo menos para os mais iludidos que acreditam fielmente no poder incorruptível da amizade. Pra mim, o que houve foi exatamente isso, visto que não consigo imaginar meios de as coisas voltarem a ser do jeito que eram há 1 ano e pouco atrás.

Me arrependo ainda de não ter tido pulso firme. Mesmo que a pessoa (a que 'intermediou' isso tudo) valesse tão a pena assim (de fato, não valia), era meu dever não ter sido complacente, ao menos em nome da nossa já extinta amizade. Eis aqui a nobreza do arrependimento, sentimento tão injustiçado, tão mal visto, negado e evitado, significa apenas a grandeza de admitirmos nossos próprios erros. Hei de me engrandecer às custas dos meus arrependimentos, já cresci inclusive. O preço é que não foi tão doce, e me faz falta hoje.

Já me torturei, já me lamentei, principalmente quando vi que lutei em vão e que sacrifiquei um bem precioso em nome de uma mentira. Mas o que me importa a essa altura, o que o importa também? Não dá para voltar a fita, e nada nesse momento pode regenerar o que foi perdido no passado, não nessa situação em especial. Só o que me resta agora é o arrependimento. Hei de conviver com este odor fétido, esperar que a fadiga olfativa o faça tão familiar a ponto de nem o perceber mais...


"Avec mes souvenirs
J'ai allumé le feu,
Mes chagrins, mes plaisirs,
Je n'ai plus besoin d'eux!"

(Non, Je Ne Regrette RienÉdith Piaf)


Um grande abraço a todos... Boa Parada para os Paulistanos! Até o próximo...

domingo, 3 de junho de 2012

Caras mais velhos sabem o que fazem...

"Vai, pode falar, pode escrever 
Eu vou me entregar 
No meu lugar, quem não faria? 
Diz que é loucura, diz que é besteira
Mas eu não vou ligar 
Não tente entender 
E o tempo dirá 
A sina é sonhar 
Que eu pago pra ver 
Qual meu lugar 
Que a vida é um dia 
Um dia sem culpa 
Um dia que passa aonde a gente está"
(O que se quer - Marisa Monte)



Ah, e como eles sabem. E eu sou só um garoto. Eles sabem muito bem como agradar um garoto. Depois de tanto tempo, depois de uma decepção, depois de me planejar tanto para não sofrer mais de novo, eis que surge ele na minha vida. Na verdade, ele sempre esteve por perto e eu talvez nunca tenha dado a atenção merecida.

Conheci o Alex há pouco mais de um ano, antes mesmo de conhecer o meu primeiro namorado. Só o conhecia pela internet, porém conversávamos bastante. De cara, gostamos um do outro. Confesso que o fato de ele ser 15 anos mais velho me deixava ainda mais curioso e interessado. Marcamos diversos encontros que não deram em nada. No final, eu sempre hesitava a encontrá-lo, não sei se por medo ou por incerteza mesmo se realmente queria avançar com ele. Até que certo dia eu desmarquei um encontro com ele para conhecer meu ex-namorado, e acabou dando no que vocês já devem ter deduzido.

Óbvio que o Alex ficou puto chateado comigo naquela época, confessou-me recentemente. Me disse que se sentiu trocado. Mas em pouco tempo voltamos a nos falar, como amigos, e ele sempre esteve por perto desde então. Próximo ao término de meu namoro, ele se aproximou bastante, como se sentisse o quanto eu estava precisando de alguém que me ouvisse naquele momento. Teria sido a entrada estratégica? Porque depois disso, quase um ano depois de termos nos conhecido, eu me lembrei o quanto o achava interessante e o quanto o fato de ele ser 15 anos mais velho me deixava ainda mais excitado ansioso por conhecê-lo...

Depois do término do meu namoro, voltamos a demonstrar mais interesse um pelo outro do que simplesmente uma amizade. Outras várias marcações de encontro que não deram em nada nos levaram até a última quarta-feira, dia 30 de maio de 2012. Nos encontramos lá, naquela praça cheia de significado... Confesso que ele me pareceu ainda mais atraente pessoalmente. Confesso que me deixei levar pelas suas atitudes, pelas palavras que ele sabia que eu queria ouvir. Confesso que cedi ao seu convite de um contato mais, digamos, íntimo... Lá mesmo, próximo àquela praça...

Os passos já eram contados, e a turbulência daquele elevador antigo já passava despercebida perto do atmosfera de curiosidade e desejo que nos envolvia. E foi ali, naquele quarto de motel próximo a Cinelândia, que Alex me provou o que eu já desconfiava: caras mais velhos sabem o que fazem... Sabem exatamente como encantar um rapaz de vinte e poucos anos. Tudo nele me parecia ainda mais atraente entre aquelas 4 paredes fartas de presenciarem as mais diversas histórias de amor e erotismo.

Amor e erotismo. Queria eu ter a certeza e a coragem tão veladas, como as expressas nas de Marisa Monte, de admitir que era exatamente isso que eu estava sentindo. Garotos têm duvida. Garotos não sabem o que querem. Garotos tem medo de cair da bicicleta, por mais que tenha alguém os dando o apoio e a certeza de que eles não vão cair de novo. Alex é um homem incrível, lindo, simpático, inteligente, seguro de si... Ele é tudo que eu queria e precisava encontrar em um cara. Também sinto que as intenções dele são as melhores, de modo que nunca antes alguém tivera tais intenções em relação a mim. Porque então eu ainda tenho dúvida?

Há quem diga que a vida é uma só, e ela passa rápido... Devemos vive-la intensamente. Mas é tão difícil voltar a subir na bicicleta depois do primeiro tombo... Mais difícil ainda é tomar uma decisão sem ter certeza do que realmente quer, sem ter certeza se suas vontades futuras podem acabar magoando alguém. O que eu sinto pelo Alex é tão especial que jamais teria coragem de magoá-lo por qualquer motivo que seja. No entanto, minha única certeza é que, nesse momento, só o que eu quero é voltar a ouvir sua voz e sentir o calor do seu abraço... Me resta torcer para que ele, além de saber o que fazer para me conquistar, também saiba que garotos como eu nunca têm certeza do que querem, pelo menos por hora...
"Mas se eu tenho tanto a  perder 
Eu perco é o medo  
Do que a sorte lê 
Sabe quem quer 
Sabe quem tem 
O que se quer"
(O que se quer - Marisa Monte)




É isso por hoje, meus lindos... Até o próximo!