Estava voltando pra casa. Quando chego na esquina da minha rua, encontro Vivian, indo em minha direção.
Eu: Oi Vivian...
Vivian: Oi Julinho... Tudo bem?
Victor Hugo (no colo dela): Uinhu... (aponta pra mim)
Eu (cara de surpresa): Nossa Vivian, esse menino tá mais esperto a cada dia...
Vivian: Não é verdade? Mas é porque ele também chama o pai dele assim, deve ter se lembrado...
Eu: Passa lá em casa qualquer dia desses, minha mãe quer te ver...
Vivian: Claro, passo sim... (sorri)
Vivian sempre foi uma garota muito precoce. Crescemos juntos, ela era minha vizinha desde que nascemos. Ela era poucos meses mais velha. A mãe dela vivia dizendo que, se não nos casássemos, seríamos melhores amigos. De fato, não poderia me casar com ela (vocês sabem porque). Mesmo ela sendo linda, não era dessa fruta que eu queria comer (e nem quero ainda). Mas na infância agente ainda não tem paladar para frutas. Ela era a minha namoradinha, daquelas que normalmente agente tem aos 5 ou 6 anos de idade. Vivíamos juntos, pra lá e pra cá... Éramos sim, grandes amigos... O tempo nos separou. Ela começou a criar corpo, só que eu comecei a gostar de garotos... Nos distanciamos, talvez por causa do estudo, talvez por causa das diferenças... Hoje ela é mãe, tem um filhinho lindo, e um namorado de verdade. Fico muito feliz por ela, mas gostaria de resgatar aquela amizade pura da infância... Sinto saudades daquela Vivian que me escrevia cartinhas de amor, que me chantageava para eu fazer o que ela queria, que me dava selinhos...
Bruna veio na minha cabeça esses dias, não sei por quê... Sempre linda, com seus cabelos pretos e compridos, a pele bem branca, o corpo bem formado, seios fartos. Não sei ainda o que eu senti por ela naquela época. Eu tinha 15 anos, ela tinha 19. Estudávamos francês... Eu era meio CDF, ela me pedia ajuda com as tarefas, sempre me procurava para formar os grupos de trabalho. Quando trabalhávamos juntos ela projetava os seios em direção a mim, soltava aquele sorriso lindo... Talvez fosse coisa da minha cabeça. O fato é que ela me dava aquela esperança ilusória, tendência de qualquer menino de 15 anos que ainda nem sabe o que está sentindo, disposto a usar todas as armas de que dispunha para lutar contra aquele sentimento antinatural. Eu queria me sentir atraído por ela, e queria muito. Me dei ao luxo de pensar constantemente nela, e já estava acreditando que ela seria a solução dos meus problemas. Mas não, foi apenas uma ilusão (e graças a deus que foi uma ilusão). Ilusão de pensar que uma garota linda como ela se interessaria por um CDF, que ainda por cima era bem mais novo. Ilusão maior ainda de acreditar que ela resolveria o meu "problema". Pouco tempo passou e ela se mudou para os EUA. Menos de 6 meses de sua partida e eu vejo as fotos do seu casamento no Orkut. Minha certeza de que ela não seria a tal solução para os meus "problemas" apareceu quando eu me vi mais atraído pelo noivo dela do que por ela (nossa, que americano gato... kkkk). Enfim, enganos acontecem, ainda mais quando queremos nos enganar...
Esses dias eu encontrei Carla na padaria. Ela como sempre, me chamou de "Meu Amor". Eu coloquei a mão na barriga dela, e perguntei para quando seria. Ela respondeu que Alice viria em Maio. Se Vivian era bastante precoce, Carla era mais ainda. Nos conhecíamos da infância também. Mas apenas quando eu tinha 16 e ela 13 que nos beijamos pela primeira vez. Eu sempre a vi como amiga, nada mais. Dela não se podia dizer o mesmo. Carla foi a primeira e pessoa que demonstrou claramente algum tipo de interesse em mim, como homem. Mesmo assim, era contra a minha natureza sentir mais do que um grande afeto por ela. Um garoto de 16 ou 17 anos não tem maturidade para abrir mão de sopro de ego assim tão fácil, nem do álibi perfeito para manter as coisas estacionadas, muito menos para abrir o jogo com uma menina que se dizia apaixonada por ele. Mas o Júlio de 18 anos teve maturidade suficiente para acabar com uma "farsa" que não visão dele era no mínimo desleal. "Carla, você sabe o quanto que eu gosto de você, menina... Mas nós só poderemos ser amigos, porque eu sou gay". Ela reagiu bem melhor do que eu pensei, pelo menos aparentemente. Como eu disse, ela era bastante precoce. Levou aquilo na maior naturalidade. Hoje ela encontrou o Júlio César dela (o namorado dela tem o mesmo nome que eu, dá pra acreditar?) que a deu de presente a Alice, que chega em Maio. Só de pensar que a Alice poderia ser minha filha, eu já penso "Graças a Deus que eu nasci gay..." Eu não teria grana nem maturidade agora para assumir um filho, apensar de querer muito isso. Só deixo os meus votos a minha amiga Carla, que ela seja feliz, e que esse outro Júlio a ame de verdade, do jeito que ela merece.
Mamãe e Nana já tem um post só para elas, e terão mais outros. Nem preciso dizer o quanto essas são especiais pra mim. Do mesmo jeito que são especiais as minhas tias, todas elas. As minhas madrinhas, todas as duas. Aliás minha madrinha Silvia (que coincidentemente mora no mesmo Estado que a minha madrinha Borboleta) me ligou esses dias me elogiando por esse blog, e pela minha decisão de ter assumido a homossexualidade publicamente. Seria um fato corriqueiro e sem tanta relevância se não considerássemos que dindinha Silvia é evangélica da Igreja Batista. Não concorda com o homossexualismo, nem podemos dizer que ela é o tipo de religiosa liberal. Dindinha Silvia é o tipo de mulher que leva a religião a sério, e eu não posso deixar de admirar isso nela, apesar de tudo. Essa atitude dela me encheu de alegria, não por ela ter me "aceitado" em si, mas eu tê-la feita vencer uma barreira do preconceito, tê-la feito refletir, mesmo que apenas por um momento, considerando apenas o coração e o bom-senso, e não os dogmas religiosos. Pra mim, foi uma conquista... Pequena, mas já ta valendo... :D
Tem ainda muitas, muitas outras mulheres especiais que passaram e passam pela minha vida a cada dia. Cada uma com a sua importância, fazendo a diferença... Por isso eu não entendo quando dizem que "Gay não gosta de mulher" ou que "Gay tem alergia a mulher". Isso pra mim é um afronta, me ofende. O que seria de mim sem elas? O que seria da minha vida sem a presença decisiva delas? Como que eu, apenas por ser gay, poderia deixar de amá-las? Não, elas são minhas, todas elas... As mulheres da minha vida... Todas elas têm e sempre vão ter um lugarzinho aqui no meu coração...
O Post saiu maior do que eu esperava... rsrs. Vocês entendem, né?
Um grande beijo, um forte abraço... Até o próximo Post!
11 comentários:
Super legal ... tb tenho grandes e queridas amigas ... não saberia viver sem elas. Elas são super especiais e possuem uma característica própria ... costumo dizer q todas elas andam sempre com um pinto atarrachado entre as pernas. Elas morrem de rir. Explico: sabe aquele tipo de mulher que, sem perder a feminilidade são super despachadas, pilotam um carro como ninguém, trocam lâmpadas em casa sem precisar de ajuda, são atuantes e politizadas ... rs ... por aí ... minha homenagem a Drica e a Ivana ... adoro vcs ...
bjux
;-)
Sim querido entendemos sim, todos temos mulheres maravilhosas em nossas vidas e ainda bem não é?
Beijos
não é por sermos gays que não gostamos de mulheres.
muito pelo contrário, não?
tenho as minhas aqui, sempre na manga.
Nossa, achei esse post super válido. A gente não tem alergia a mulher, apenas não gosta da coisinha que elas têm entre as pernas... Acho que todos os gays um dia se iludiram ao pensar que apenas a amiga que conhecemos e por muitas vezes nos apaixonamos seria capaz de nos "curar".
Eu passei por isso, e ainda penso até hoje nela.
é como cantava o Chico, com suas mulheres "de antenas". Maior bobagem excluí-las de nossas vidas, simplesmente não dá! Beijo pras mulheres! Mas na bochecha, sai pra lá perereca!
gente, não existe viado sem mulher. A gente sempre tem uma a tira colo.
Esqueceu de mim. Tô puto.
BRINKS!
por trás de todo gay feliz tem uma mulher ainda mais feliz e algumas vezes ainda mais gay.
se é que isso faz sentido.
Se dizem isso, é porque existem gays misóginos aos montes por ai para dar razão a esse pensamento.
Eu gosto muito das minhas amigas, mas tenho que admitir que, no quisito homofobia, as mulheres conseguem ser muito mais ofensivas que os homens quando querem agredir.
Beijo Júlio!
Eu gosto de mulher. Não como os héteros, mas gosto, XD
Eu sem minha mãe e minhas amigas da faculdade, seria um zerinho à esquerda (apesar destas últimas não saberem que sou gay, mas me sinto mais confortável conversando com elas). É tão horrível ter que ficar medindo palavras perto dos meus colegas héteros... Pior é que eles nem merecem saber a verdade, não são dignos, x)
Bjo e abraço, o/
Muito bom Júlio. É uma idiotice mesmo essa história que gay quer distancia de mulher. Na verdade, como você disse, sempre farão parte da vida de muitos gays de uma forma ou de outra.
Postar um comentário